Resenha: Rani e o Sino da Divisão de Jim Anotsu

Título: Rani e o Sino da Divisão
Autor: Jim Anotsu
Editora: Gutenberg
Gênero: Sobrenatural, Romance
Ano: 2014
Páginas: 320
Sinopse: Quem não conhece bem Rani pode até achar que ela é uma adolescente comum, que mora em uma cidade do interior, acorda cedo para frequentar o ensino médio, e toca em uma banda de punk death metal com sua melhor amiga, Marina. Só que sua vida começa a se distanciar totalmente da normalidade quando, um dia, ao ir para a escola, ela resolve cortar caminho pelo cemitério, onde vê um garoto estranhamente bonito, vestido com roupas coloridas e tênis fluorescente, que a olha de uma maneira intrigante. Mais tarde, para sua surpresa, ela descobre que Pietro é aluno novo em sua classe. Dias depois, ele revela a Rani que faz parte de uma turma de excluídos, chamados Animais de Festa, uma facção de jovens (e nem tão jovens) seres sobrenaturais. E mais: que ela deve se juntar a eles, já que é uma xamã adormecida que precisa de treinamento imediato, pois está sob a mira de Aiba, um xamã poderoso que se alimenta da força vital de seus semelhantes. Cética mas curiosa, de repente ela se vê mergulhada em uma aventura com seus novos e estranhos amigos para encontrar o Sino da Divisão, o único artefato mágico capaz de derrotar o destrutivo e cruel Aiba.

Quando peguei e o Sino da Divisão para ler, não sabia o que esperar. Nem li a sinopse completa e solicitei o livro para resenha. Vi bons comentários e achei interessante ser um livro sobrenatural escrito por um autor nacional. 

Rani é uma adolescente de 15 anos comum que ama música, tem um estilo punk, uma banda de punk death metal com a melhor amiga Marina e na escola é uma aluna ok, que faz parte do time de futebol. Até aí tudo normal. Mas a entrada de um novo aluno em sua turma muda o rumo de sua vida. Ela descobre que criaturas sobrenaturais existem e que nada é como aparenta ser. Mas o pior é descobrir que é uma xamã e que o feiticeiro mais poderoso que se tem conhecimento há um bom tempo está matando todos os xamãs existentes e ela é um dos principais alvos. Com a ajuda da amiga e dos novos amigos sobrenaturais ela terá que aprender a usar seus poderes e a encontrar o único artefato capaz de derrotar Aiba. 

[...] Ninguém ali estava entrando em uma briga para salvar o mundo ou algo épico, o escopo da nossa batalha era muito menor. Lutaríamos contra Aiba para que pudéssemos nos reunir em Gertrudes, para tocar em uma banda de duas pessoas, ler quadrinhos e nos sentarmos no posto de gasolina. Pelas pequenas coisas que realmente importavam.

No começo da leitura eu não havia me empolgado porque Rani é um pouco descritiva e seu dia-a-dia estava sem nenhum acontecimento que chamasse atenção. Mas aos poucos, com a entrada dos seres sobrenaturais a história foi ficando interessante e foi ficando difícil parar a leitura. A história se passa em Graúna, cidade no interior de Minas Gerais e é interessante porque o autor sempre faz referências à cidade durante todo o livro, dizendo onde tem determinada coisa, o costume dos moradores, lugares importantes, etc. 

[...] comprovei que os Animais de Festa raramente tinham algum compromisso com a seriedade. Talvez fosse por isso que eu me sentia tão à vontade entre meus novos amigos, um grupo deslocado de todo o resto do mundo, mas que me acolheu de uma maneira que as pessoas normais nunca fizeram.

Rani é uma personagem que eu gostei, sem mimimi, engraçada e não se importa com o que os outros pensam dela. Pietro e o resto dos “Animais de Festa” fazem parte de uma facção de seres sobrenaturais. Além deles, existem mais dois grupos: “Corte das Linhas” e “Invisíveis”. Os “Animais de Festa” são os “perdedores” no mundo sobrenatural, enquanto a “Corte das Linhas” acredita que os seres sobrenaturais são melhores que os humanos e que devem reinar sobre eles e os “Invisíveis” tem o mesmo pensamento, mas são os de maior escalão e mais antigos.


Além da linda capa, que combina perfeitamente com o livro, a diagramação está muito legal. A cada capítulo um trecho de música (de rock, metal, etc) e ao longo do livro algumas anotações da protagonista, além de outras coisas. Voltando a capa, o fundo roxo, com detalhes pretos e laranja fluorescente é perfeito para o clima do livro. Na capa vemos o cemitério e outros elementos que aparecem no livro como o tênis fluorescente, o gato, a guitarra, a raquete, o pássaro, etc.



O livro tem um tom de humor e comédia. Havia momentos em que eu perguntava “Tá falando sério?” e depois começava a rir sozinha. Há momentos meio loucos e de zoeira pura (todos no bom sentido). Por exemplo, no livro aparece Lúcifer (aquele que comanda o inferno) e sabem o diz na plaquinha da casa dele? “Cantinho do Lulu” e como ele lhe recebe na casa dele? Com um pirulito de coração na boca. A loucura no livro é bem interessante, vemos desde os seres sobrenaturais mais conhecidos como vampiros, lobisomens, espíritos, demônios e outros que estamos menos habituados como dinossauros. Além disso, na visão do livro, vários acontecimentos na Terra foram causados por seres sobrenaturais e não pelos autores que ficamos sabendo nos livros de história. É tudo muito louco (mais uma vez, no bom sentido).

[...] A garota tremia da cabeça aos pés, mas fazia questão de nos acompanhar com a máquina fotográfica antiespíritos em sua mão... Eu era obrigada a admirar isso, a única pessoa normal em um grupo de esquisitos e que não me abandonava como outra pessoa teria feito. 

Gostei de todos os personagens, de Rani, Marina e dos ‘Animais de Festa’. Todos são interessantes e peculiares de sua forma. E o mais interessante neles é a amizade, união e lealdade que possuem com o outro. Outro ponto que destaco é que os seres sobrenaturais nesse livro não são como os que estamos acostumados. Vampiros não queimam no sol, apenas enfraquecem, lobisomens não estão nem aí pra lua cheia e por aí vai. 

Rani e o Sino da Divisão é um livro divertido, um pouco louco, com personagens inusitados (que vão desde satã a personagens icônicos da história do mundo), com muitas referências, mundos paralelos e tantas outras coisas que me surpreenderam que eu definitivamente recomendo! É uma leitura surpreendente, inusitada e interessante (e é livro único, amém).




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