Autora: Thrity Umrigar
Editora: Nova Fronteira
Gênero: Drama
Ano: 2006
Páginas: 330
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Sinopse: BOMBAIM, ÍNDIA. Duas mulheres. Duas vidas. Dois destinos que poderiam ser um só. Sera e Bhima estão indiscutivelmente ligadas, seja pelo silêncio ou pela cumplicidade. Mas ao mesmo tempo estão distantes, separadas por uma fronteira intransponível. Como se o fio que as une não fosse forte o suficiente para agüentar uma descarga elétrica, força que parece definir a sorte e a tragédia da patroa e da empregada. Duas vidas marcadas pela decepção, enganadas pela traição, sujeitas a uma sociedade cruel cuja voz berra e marca a fogo a existência dessas mulheres. A Distância Entre Nós é um romance avassalador, envolvente, intenso. Você não conseguirá parar de lê-lo, e não será o mesmo quando alcançar a última página. Acredite.
Quando nem a amizade é capaz de quebrar paradigmas, nem anos de convivência são capazes de pôr abaixo os muros construídos por preconceitos antigos e arraigados. Quando nem milhares de gestos compram a igualdade. Duas realidades. Dois polos. Dois extremos. A Índia, esse país às vezes arcaico, às vezes conservador demais, será o cenário em que a pobreza e a riqueza se entrelaçarão. Uma relação contraditória, singular e apesar de limitada, rara.
Sera Dubash é rica, influente, elegante. Bhima é pobre, analfabeta, e quase insignificante. A primeira, patroa, a segunda, empregada. As duas mantêm uma relação estranha, que quase pode ser chamada de amizade. Que talvez em outro mundo, fosse chamada de amizade. Em meio a uma teia de segredos e antigas mágoas que se mesclam a novas, Thrity constrói uma história forte. Dura. Capaz de fazer-nos engolir em seco algumas vezes. Duas vidas destruídas e marcadas pela decepção. Duas mulheres distantes, diferentes, mas em certos pontos, iguais, vivendo em um país intolerante e tradicionalista, de forma negativa.
Primeiramente, a premissa deste livro já é fantástica. Uma história passada na Índia. A narração foi alternada entre Bhima e Shera, estratégia que deu muito certo. A escrita é simples, tocante, mas às vezes crua, sem meias palavras ou eufemismos.
“Suas mãos estavam vazias agora, vazias como seu coração, que era como um coco cuja polpa tivesse sido arrancada.”
As personagens são envolventes, mas a trama não tem um pico, algo pelo qual o leitor espera. Vejo isso como um ponto negativo, de certa forma, mas que se pensado de outra maneira se torna imprescindível. O tempo, hora é presente, hora é passado, revelando muito sobre a vida das personagens, o que explica muita coisa e enriquece a história. O final acabou me decepcionando, achei para dizer o mínimo injusto e abrupto. Mas talvez essa seja a intenção da autora: Mostrar como é a vida real.
“- Até mesmo as lágrimas são um luxo - diz ela, mas não tem certeza se diz isso em voz alta ou só para si mesma. - Invejo as suas lágrimas.”
Um ponto fantástico foi a visão que nos é oferecida da Índia. Um país moderno e ao mesmo tempo retrógrado. Além de todas as referências a comidas, lugares, costumes, roupas e palavras introduzidas habilmente, e que nos fazem querer conhecer mais e mais. Com certeza procurarei mais livros dela. Creio que esta jornalista, de pouco mais de vinte anos, tem muito ainda a nos dizer. Sua crítica ao tratamento concedido aos empregados e a divisão por castas é clara, e nos atinge intensamente durante a leitura. Torna-se também a nossa crítica, a nossa vontade de gritar tudo isso para o mundo.
“ - Você e papai estão sempre falando desses hindus de casta superior que queimam os harijans, os intocáveis, e de como isso é errado. Mas na sua própria casa você impõe essas diferenças de casta. Que hipocrisia, mamãe!”
Esse não é um livro fácil. É revoltante, triste, forte. Irá lhe fazer questionar e se indignar. Irá lhe fazer pensar na intolerância, na injustiça, na dor. É difícil sair dessa leitura sem ao menos algumas reflexões e sem ser tocado por ela. Este não é um livro para qualquer um.
“Como de hábito, Sera se senta à mesa enquanto Bhima fica de cócoras no chão, a seu lado. Quando Dinaz era mais jovem, implicava com a mãe por algo que considerava uma injustiça: Bhima não poder sentar-se no sofá ou numa cadeira e ter que usar utensílios separados, em vez daqueles que a família normalmente usava.”
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