Autora: Ava Dellaira
Editora: Seguinte
Ano: 2014
Páginas: 344
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Ano: 2014
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Sinopse: Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora.Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho.
Escrever é mais do que enfileirar letras em uma folha de papel ou na tela de um computador. Mais do que apenas construir frases e tornar parágrafos coerentes. Escrever é se abrir. Deixar que as palavras exponham sua personalidade, seus pensamentos, medos e angústias, das diversas formas existentes. Alivia, liberta, clareia as ideias e traz novas perspectivas. As palavras ajudam a conseguir respostas, desvendar enigmas e tornar mais fáceis os inconvenientes do cotidiano. Escrever é conseguir abrigo. Abrigo do mundo, em si mesmo. Uma proteção feita de pontos, vírgulas e interrogações.
Escrever, assim como falar, é terapêutico. A diferença é que da ponta de uma caneta podem sair coisas que ninguém, além de você mesmo precisa saber. Não importa se em forma de diário, poesia ou cartas que jamais serão entregues, as palavras consolam e guardam os mais íntimos segredos. E foi esse consolo, o consolo das letras, que Laurel, uma doce garota de quinze anos encontrou ao escrever cartas, relatando as minúcias de seu cotidiano e tentando desvendar a si mesma a cada nova página escrita.
Após perder a irmã, May, em circunstâncias trágicas, a jovem muda-se de escola esperando começar de novo. Mas acaba descobrindo que isso será mais difícil do que parecia. Faz amizades, apaixona-se. E em meio a tudo isso, escreve cartas.
Cartas para pessoas mortas. Kurt Cobain, Amy Winehouse e Amelia Earhart são alguns dos destinatários de Laurel, que transforma o que fora uma simples tarefa de inglês em uma forma única de diário. A partir daí, o passado se mescla com o presente, em uma torrente de fatos que desencadeia a revelação de alguns importantes segredos. E o principal, Laurel descobre algo que mudará sua vida para sempre.
"Hoje, no fim da aula, quando a Sra. Buster pediu para entregarmos as cartas, olhei para o caderno em que tinha escrito a minha e o fechei. Assim que o sinal tocou, recolhi meu material e saí. Tem coisas que não posso contar pra ninguém além das pessoas que já não estão mais aqui."
A premissa desse livro é bastante interessante, diferente e criativa. O modo de narração é epistolar, totalmente narrado pelas cartas, que além de contar fatos da vida da personagem, ainda contextualizam com curiosidades a respeito da pessoa que estaria recebendo a carta, com reflexões sobre os atos e seus porquês. O tom é bem confessional e descontraído, com certo ar reflexivo.
"Ultimamente, tenho ouvido você de novo. Coloco In Utero, fecho a porta e os olhos e escuto o álbum inteiro várias vezes. É difícil explicar, mas quando estou ali, ouvindo sua voz, sinto que começo a fazer sentido." (Para Kurt Cobain)
Laurel é imatura, influenciável, sempre a sombra da irmã. Porém ao longo da história ela amadurece e se transforma bastante. As outras personagens são igualmente complexas, envolvidas em dramas pessoais, o que pode tirar um pouco a atenção do foco principal da história. Achei a leitura um pouco arrastada em alguns momentos, mas no geral o ritmo é agradável.
"Ele nunca precisaria saber, pensei. Eu podia ser uma nova pessoa. Eu seria May, a corajosa e mágica May. Eu não seria Laurel, aquela que ferrou com tudo. Então me concentrei até Sky ser a única coisa que eu conseguia ver."
Durante o livro há um certo suspense até interessante, se bem que é possível presumir mais ou menos qual é o mistério, mas o final me incomodou um pouco, uma situação ficou mal explicada, não exatamente mal explicada, mas creio que poderia haver um desenvolvimento melhor. Mesmo assim a trama não perde o mérito. Indicada para pessoas que refletem sobre as pequenas coisas e enxergam além das histórias aparentemente simples.
"Não sei por quê, mas, nesse lugar cheio de desconhecidos, fico feliz que Sky e eu estejamos respirando o mesmo ar. O mesmo ar que você respirou. O mesmo ar que May respirou."
Receio ter posto muitas expectativas em cima desse livro, se não fosse esse fato creio que teria conseguido apreciar melhor a beleza única das palavras de Ava, que conquista com sua escrita leve.
A leitura me causou tantos sentimentos contraditórios, tantos pensamentos aleatórios e reflexões loucas. Creio que quem gostou de As vantagens de ser invisível gostará desse da mesma forma. Um livro doce, inusitado e profundo a sua maneira. Quem realmente se envolver com a história se verá torcendo para que uma determinada personagem ganhe coragem, a outra tome a decisão certa, a outra aceite a si mesma...
Cartas de amor para os mortos mostra os conflitos e dificuldades de alguém que descobre como viver por si mesma, encontrando na companhia de ídolos já falecidos a solução para suas questões. Passando pelo difícil período da adolescência, coisas naturais como a primeira paixão e outras mais obscuras, pelas quais ninguém deveria ter que passar, ainda mais uma criança. Indico para todos aqueles dispostos a transcender os limites do comum e passar algumas horas redescobrindo inclusive a si mesmo.
A capa é muito bonita com tons azuis escuros, arroxeado, laranja quase perdendo a cor e nuvens, como o céu parece às vezes quando o sol começa a se pôr. Entre o título, uma menina sentada de perfil escrevendo no que parece ser um diário. O título ganha a cor branca inicialmente e preto na palavra Mortos. (Andresa)
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