Resenha: A Resposta - Kathryn Stockett


Título: A Resposta
Autora: Kathryn Stockett
Editora: Bertrand Brasil
Ano:2011
Páginas:574

Sinopse: Eugenia Skeeter Phelan terminou a faculdade e está ansiosa para tornar-se escritora. Após um emprego como colunista do jornal local, ela tem uma ideia brilhante, mas perigosa: escrever um livro em que empregadas domésticas negras relatam o seu relacionamento com patroas brancas do Mississipi na década de 60. Mesmo com receio de prováveis retaliações, ela consegue a ajuda de Aibileen, a empregada doméstica que criou 17 crianças brancas, e Minny, que, por não levar desaforo para casa, já esteve por diversas vezes desempregada após bater boca com suas patroas. Uma história emocionante e estarrecedora onde a cor da pele das pessoas determina toda a sua vida.


A Resposta nos trás a história de três mulheres: duas empregadas domésticas negras e uma jovem branca de tradicional família rica.

Aibileen é empregada desde sua adolescência quando teve que largar os estudos para ajudar sua mãe a pagar as contas. Ela começa a trabalhar para a família Leefolt e cuidar de sua filhinha Mae Mobley, a 18ª criança que ela cuida. Ela sempre criou as crianças como suas filhas, dando carinho e ensinando o que era certo, até porque muitas mães mal davam atenção a eles, como é o caso de Mae Mobley. Aibileen perdeu seu filho que queria ser escritor há alguns anos e ainda não superou totalmente sua perda.
Sinto aquela semente amarga brotando dentro de mim, aquela que foi plantada no dia que Treelore morreu. Quero gritar alto para a nenezinha me ouvir que sujo não é uma cor, que doença não é a parte negra da cidade. Quero não deixar chegar aquele momento - que chega na vida de qualquer criança branca - , quando elas começam a pensar que pessoas de cor não são tão boas quanto as pessoas brancas. [Pág. 129]
Minny é o tipo de empregada que não gosta de levar desaforo para casa e apesar de ter aprendido com sua mãe que não se deve retrucar ou resmungar para seu patrão branco, ela não consegue evitar. E assim acaba sendo demitida por Hilly (aquela a qual todas as outras obedecem, a mais nojenta e preconceituosa das mulheres que aparecem no livro), que espalha um boato de que a empregada roubou sua prataria fazendo com que ela não arrume emprego em nenhum outro lugar. Ela tem 5 filhos e um marido que bate nela. Finalmente ela consegue emprego com Celia, que não é aceita por ninguém na cidade por ter se casado com o ex de Hilly. Ela é diferente de qualquer patroa branca que Minny já teve.
Voltei para casa aquela manhã, depois de ter sido despedida, e fiquei parada do lado de fora de casa, usando meus sapatos novos de trabalho. Os sapatos pelos quais minha mãe tinha pago o valor de um mês de conta de luz. Acho que foi aí que entendi o que era vergonha. E também a cor da vergonha. Vergonha não é escura, como pó, como eu sempre pensei que fosse. A vergonha é da cor do seu uniforme branco novo em folha que sua mãe pagou com o suor de noites a fio passando roupas para fora, branco sem nenhuma mancha de sujeira deixada pelo trabalho. [Pág 198]
Skeeter é uma jovem branca que acabou de voltar pra casa depois se formar na universidade. Ela é alta demais, inteligente, quer ser escritora e diferente de suas amigas ricas ainda não encontrou um marido. Sua mãe todos os dias a perturba por sua aparência e por não ter se casado ainda. Ela foi criada por Constantine, uma empregada negra que foi praticamente uma mãe para ela e que não trabalha mais em sua família, mas ela não sabe o motivo e ninguém quer lhe contar o que aconteceu. Aos poucos ela começa a ficar incomodada com algumas atitudes de suas amigas ricas e uma carta de uma editora a faz despertar para a ideia de escrever um livro sobre a vida das empregadas domésticas que trabalham para brancos. A partir daí ela tem que convencer empregadas a abrirem o bico sobre o que acontece quando estão trabalhando para seus patrões ricos. E assim todos passam a correr um enorme risco com o projeto.
- E todas essas casas que estão sendo construídas sem dependências de empregada? É simplesmente um perigo. Todo mundo sabe que elas transmitem doenças diferentes das nossas. [Pág. 17] 

- Foi exatamente por isso que criei o Projeto de Higiene para Empregadas Domésticas. Uma medida para prevenir doenças.

- Projeto... o quê?- Um projeto de lei que prevê que toda casa branca tenha um banheiro separado para as empregadas de cor. [Pág. 17]

[...] Quando não estiver fazendo cópias mimeográficas ou providenciando o café do seu chefe, olhe ao redor, investigue e escreva. Não perca tempo com as coisas óbvias. Escreva sobre aquilo que a incomoda, sobretudo se isso não incomoda mais ninguém. [Pág. 96]

A história se passa em Mississipi na década de 60. Época em que nada era bom para quem tinha a pele mais escura. Martin Luther King ainda iria correr atrás dos direitos deles. Temos conhecimento do primeiro negro sendo admitido em uma universidade. Brancos e negros não podiam ir aos mesmos locais e o simples fato de um negro usar o banheiro de um branco, era motivo de espancamento ou morte. Tudo era perigoso naquela época para “pessoas de cor” como eram chamados. Qualquer passo em falso poderia resultar em espancamento, morte, cadeia, etc.
“Leio quatro das vinte e cinco paginas, estupefata com a quantidade de leis que existem para nos separar. Negros e brancos não podem partilhar bebedouros, cinemas, banheiros públicos, estádios, cabines telefônicas, espetáculos de circo. Negros não podem usar a mesma farmácia nem comprar selos no mesmo guichê que eu. [...] Todos nós sabemos dessas leis, vicemos aqui, mas não falamos a respeito.” [Pág. 228]
Os capítulos são divididos entre as três personagens e mostra o dia a dia de cada uma, seus problemas pessoais e as situações das empregadas que não podiam fazer nada na época diante dos absurdos que seus patrões faziam. A narrativa é ótima, flui bem o tempo todo e apesar do livro ser enorme fica difícil parar a leitura!
“Faz tempo que não discutimos esse assunto, além do comentário de Winnie envolvendo línguas arrancadas, a verdade é que não conversamos sobre as consequências concretas, além das empregadas perderem seus empregos. Nos últimos oito meses, só pensamos em terminar de escrever o livro.” [Pág. 471] 
Devo admitir que o final me decepcionou. Isso porque eu estava lendo na maior empolgação doida para descobrir o que iria acontecer depois de certos acontecimentos e “bum” o livro acaba. Eu senti que faltou saber o que aconteceu com a maioria dos personagens no fim, mas acho que a ideia da autora foi que imaginássemos o final como desejássemos. E só por isso tirei meio coração da minha classificação rs.

É uma história comovente, inspiradora, triste, revoltante e também de coragem. Uma história que ficará marcada. Definitivamente todos deveriam ler!

PS: Assisti ao filme “Histórias Cruzadas” que baseado no livro e devo dizer que não chega aos pés do livro. Por isso sugiro que quem planeja ler o livro, LEIA ANTES DE VER O FILME! O filme é ótimo mas não foi como eu imaginava, ele perdeu detalhes muito bons do livro, mudou muita coisa e não passou a emoção que o livro passou. Portanto LEIAM o livro, depois vejam o filme. E quem já assistiu ao filme, pegue o livro para ler porque não tem comparação entre um e outro!
PS 2: Me desculpem pela resenha enorme =S

Beijos, Andresa

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