Resenha: O Sonho de Eva de Chico Anes



Título: O Sonho de Eva
Autor:Chico Anes
Editora:Novo Conceito
Selo: Jovem
ISBN:9788581630069
Ano:2012
Páginas:304
Sinopse: Dra. Eva Abelar, autoridade mundial em sonhos lúcidos, é informada de que seu filho, Joachim, uma criança autista, desaparece na mesma noite em que sua irmã, Anna, pula do 20º andar de um edifício em São Paulo. Anna era a principal cientista do projeto DreamGame, invento revolucionário que permite à pessoa jogar enquanto dorme. Eva é convidada por Yume a assumir o lugar da irmã e, à procura de respostas, se envolve em uma trama perigosa, que alcança os limites dos desejos inconscientes do homem. Enquanto usa seus conhecimentos para desvendar a morte de Anna e reencontrar Joachim, Eva descobre o quanto a sociedade está vulnerável à tecnologia e aos estímulos subliminares, e como esses estímulos podem sequestrar a liberdade e extinguir o livre-arbítrio.


Eva Abelar seguiu os passos do pai e se tornou especialista em sonhos lúcidos (quando você está ciente do que acontece enquanto sonha) e está fazendo uma palestra na Universidade de Viena para vários nomes renomados e cientistas apresentando sua teoria em unificar sonhos lúcidos e superconsciência, algo que não é muito bem recebido. Ao término da palestra recebe a visita de dois policiais que a informam que sua irmã Anna está morta após uma queda do 20º andar e que seu filho que deveria estar com ela não foi encontrado no local, havia desaparecido
[...] Mas e se, preste atenção, Anna, de alguma maneira, você pudesse perceber ainda sonhando que tudo não passa de um sonho? Aí, então, consciente de que participa de um sonho, você poderia agir como bem entendesse e mudar as cenas. [Pág. 37] 
Eva fica sem chão após o ocorrido, ela já perdeu os pais e agora o resto de sua família. Sobrou-lhe um amigo, Alec, antigo namorado que é psiquiatra. Mas algo estranho acontece no enterro de sua irmã. Uma representante da empresa Yume lhe oferece um emprego no lugar de Anna e em seguida um estranho diz a ela para não aceitar o cargo para não acontecer a ela o mesmo que com a irmã. Eva começa então a desconfiar de que a morte de sua irmã e o desaparecimento de seu filho autista possam estar relacionadas à empresa em que Anna trabalhava no projeto chamado DreamGame.

A ideia do projeto é a de jogar durante um sonho lúcido, e assim a pessoa se tornaria um personagem dentro do jogo, mas por trás dessa ideia existe um plano para controlar a pessoa que usar o dispositivo DreamGame.
- Se levássemos os jogos para dentro dos sonhos, Eva; se, no lugar do vídeo ou dos dispositivos 3D, esses jogos acontecessem dentro dos nossos sonhos! Imagine só isso! [...]- Tudo isso, Eva, sendo vivenciado não através da frustrante dissociação entre o real e o virtual, mas como se fosse de verdade, com a textura da realidade que os sonhos permitem, as cores, odores, sabores, o medo, o cansaço, a dor, o prazer! Tudo como experimentamos no mundo real! E o jogador-sonhador estaria lúcido, tomando decisões, sentindo na pele as consequências de cada uma das suas ações. [Pág. 66] 
É incrível ver na leitura o que isso pode causar ao ser humano. Uma pessoa que tem o mesmo sonho lúcido toda noite, um dia, acaba que por acreditar que está sonhando, comete um crime, suicídio ou algo fora da sua capacidade de saber que está realmente fazendo aquilo. Achei tudo isso bem interessante e também assustador! Imaginem se isso se torna realidade e alguém consegue controlar a mente das pessoas desse jeito?
- A ideia principal era que se podia fazer com que o sonhador, através da constância e do forte aspecto da realidade em seus sonhos, de alguma maneira, não mais discernisse a vigília da imaginação, e vivesse nos dois mundos como se fosse num só. [Pág. 138] 
Eva aceita a oferta e vai para a China trabalhar no projeto. Lá conhece sua equipe e aos poucos tem a certeza de que a empresa está por trás de tudo que imaginava e não só isso, mas que eles querem “dominar o mundo” através desse projeto e não falta muito para conseguir.
[...] Os métodos? Esses eram os mesmos: destruição, terror, e sangue... muito sangue. O século XXI trouxe novos métodos. A guerra pelo poder já não é travada com armas tão óbvias. Daqui para frente será cada vez mais difícil reconhecer um inimigo e suas intenções. [Pág. 136] 
Um personagem que adorei e de importância no livro é Zed, um garoto inteligente que é  paciente de Alec exatamente por ter essa “imaginação fértil” e que descobre informações pertinentes a possível participação das empresas Yume em uma conspiração para controlar os sonhos e o livre-arbítrio.

O livro me deixou num suspense e doida pra saber o que ia acontecer em seguida, adoro isso! Os capítulos possuem a narração de mais de um personagem separados, então podemos saber o que acontece com vários deles em diversas situações e adorei essa tática, não ficou confuso e pudemos acompanhar cenas importantes na história.

Os personagens são ótimos, cada um com suas qualidades, defeitos, motivos e importância para o contexto. Alguns buscando respostas parecidas a Eva, outros descobrindo que a Yume não é o que parece, outros que se sacrificarão pelo caminho. A mãe de Eva apesar de já estar morta aparece nas lembranças e é uma personagem que não gostei. Ela é aquele tipo de pessoa que se a filha colocar uma roupa que não tape boa parte do corpo, a faz voltar e trocá-la antes de sair, se a filha usar maquiagem a chama de mulher da vida e por aí vai.
- Não pedi sua opinião Hermes! Não saí para me encontrar com você vestida assim! Muito menos pintada como uma prostituta. Não há motivos para uma mulher se apresentar dessa maneira se não quiser despertar o apetite sexual de um homem! É isso que quer, Eva? É? [Pág. 237] 
O livro envolve suspense, ação, conspiração... Parecia estar dentro de um filme ao passar as páginas e devo dizer era difícil largar o livro. Recomendo!!!

A dúvida que ficou comigo enquanto eu lia foi do lançamento sair pelo selo Novo Conceito Jovem,  pois o livro tem um tema adulto, uma penca de informações que podem não ser de fácil entendimento, de vez em quando uma trama sexual um pouco difícil de se encontrar em leituras mais juvenis e violência. Portanto acho que o selo Jovem veio errado nesse título. A trama nem a idade dos personagens faz uma chamada para uma leitura mais jovem.

Beijos, Andresa



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