Resenha: A Gramática do Amor de Rocío Carmona

Título: A Gramática do Amor
Autora: Rocío Carmona
Editora: Rocco
Ano: 2013
Páginas: 264
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Sinopse: Romance de estreia da editora Rocío Carmona, que é também vocalista de uma banda indie de Barcelona, A gramática do amor é um convite à intertextualidade. O livro, que conquistou público e crítica na Espanha, vem ganhando traduções em diversos países ao contar a história de Irene, uma menina que vive sua primeira desilusão amorosa e que encontra em clássicos como García Márquez, Tolstói, Jane Austen e Murakami o entendimento para as suas emoções e a força para escrever a sua própria “gramática do amor”. Um comovente romance juvenil sobre a descoberta do amor, relacionamentos e o poder da literatura.

Às vezes ele vem lentamente, de forma tão gradual que chega a ser imperceptível. Em outras, nos atinge como um soco no estômago, tirando o fôlego, o princípio de uma constatação. Intenso, surpreendente, envolvente. Impossível de ignorar ou forjar. Ele nos muda. Nos torna o melhor que podemos ser. Mas além disso, ele é uma incógnita que nos leva a uma estrada a caminho do desconhecido. Incompreensível. Imprevisível. Difícil de explicar ou definir. Alguns tentam nomeá-lo de várias formas. Mas aqueles que já tiveram a sorte de senti-lo de verdade, apenas o chamam de amor. Ele nos apresenta a felicidade, as lágrimas, a decepção. Revigora e torna qualquer coisa infinitamente melhor do que é. Tentar entendê-lo, aprender como desvendá-lo e superar as ocasionais frustrações são os objetivos da gramática do amor. Uma viagem através de parágrafos, vírgulas e pontos finais, na qual a grande lição é que amar se aprende amando, mas também, lendo.


Mandada pelos pais a um internato inglês, a espanhola Irene sente-se uma forasteira, e está tendo que se adaptar a sua nova realidade. Ingênua, a moça apaixona-se pelo romantismo e pelas palavras encantadoras de Liam, um dos garotos mais populares do colégio. Porém, quando está prestes a se declarar, descobre que não passa de mais uma entre muitas que compõe a lista de princesas do rapaz. Atordoada, Irene começa a sentir a dor de ter seu coração partido pela primeira vez. Após um episódio constrangedor envolvendo Liam, a moça sai em disparada da sala de aula. Seu professor, Petter, a segue e estipula uma punição pelo rompante de sua aluna. A partir dali, Irene terá que começar a treinar corrida todos os dias e o mais importante, ler e discutir grandes clássicos que de alguma forma tratam do amor. As mudanças na vida e nos pensamentos da moça serão maiores do que ela jamais imaginou ser possível.
“Somos o que resta de nós quando alguém nos parte o coração pela primeira vez.”
Uma palavra que define A gramática do amor pode ser: instigante. Começando pelo título, seguindo pela premissa de algo envolvendo grandes clássicos como Orgulho e Preconceito, Os sofrimentos do jovem Werter e o amor nos tempos do Cólera, e chegando a própria história, bem desenvolvida e bastante agradável. A escrita é leve, com um charme especial. Além de envolvente e confortável. A linguagem em terceira pessoa combinou perfeitamente com o contexto da trama.

São muito interessantes os títulos que participam da gramática do amor, e principalmente as conclusões de Irene sobre cada um deles. Possibilita muitas reflexões, além de uma viagem que percorre várias sensações e emoções. A leitura é cadenciada e prazerosa, daquelas que faz esquecer o tempo.
“O amor que permanece oculto, que não se expressa, transforma-se num monstro que devora corações. É preciso arriscar-se e deixá-lo sair, mesmo com o risco de se machucar.”
Outro ponto que surpreende é o rumo que toma a vida da personagem nesse meio tempo. Apesar de às vezes parecer confusa e até melancólica, ela aprende, erra, acerta, cresce e toma forma. É incrível acompanhá-la nessa jornada de auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal.
"A amizade não era outra forma de amor, até mais pura e generosa?"
O final foi de certa forma previsível, mas nem por isso perdeu seu brilho. Todas as personagens são cativantes a sua maneira, gerando até uma certa proximidade com o leitor. Apesar de ser um romance juvenil, possui um certo tom poético, reflexivo, que me cativou.

Podemos dizer que a estreia de Carmona na literatura foi incrivelmente bem sucedida. Esse é um livro que aparentemente não tem muito a oferecer. Mas sem dúvidas vale a pena. Fala de amor em suas diversas formas e contextos, de escolhas, amizade, decepções. Fala de livros, de histórias e lições. Tocante, doce e despretensioso, vai muito além das aparências. É uma leitura que pode servir apenas como distração, para passar o tempo. Mas se encarada pelo ângulo certo, nos instiga a pensar em tudo e mais um pouco. Fica um enorme "gostinho de quero mais".

A capa é ilustrada, com uma menina de cabelos vermelhos esvoaçantes, no que aparenta ser um campo de flores, segurando um coração na mão. O contraste em preto e branco da capa com apenas alguns elementos em vermelho, como o título (que destaca a palavra amor), seus cabelos e o coração, dão um toque bem charmoso a ela.



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